quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

O Regresso – Resenha Crítica

O homem do momento brilha pelo seu segundo ano consecutivo, Alejandro González Iñárritu é mexicano e possui apenas 52 anos, isso não foi um tabu para o aclamado diretor conseguir chegar ao topo do mundo cinematográfico. Após vencer os desafios de Hollywood com Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância), ele entra forte na briga por mais um Oscar devido ao excepcional trabalho em O Regresso, ele já venceu o Globo de Ouro e ainda pode ser o principal responsável por dar a Leonardo DiCaprio a sua primeira estatueta.
O filme que deve colocar DiCaprio no topo de Hollywood. (Divulgação)
Um espetáculo visual que reúne diversas paisagens estadunidenses, além de efeitos especiais simples, que retratam a vida da natureza e de sua relação com a humanidade. DiCaprio dá vida a Hugh Glass, um comerciante de peles que desafia o Velho Oeste pós-colonização, durante uma expedição, o homem é atacado brutalmente por um urso. O que falar da cena do urso, um espetáculo gráfico que explora as mais variadas dores que um ser humano pode sofrer e o instinto animal do urso que busca derrotar o inimigo desconhecido. O terror psicológico e físico dura quase que o filme inteiro, as sequelas são inevitáveis, mas o desfecho de Glass e do urso rendem muitos aplausos e indicações nos mais variados prêmios, esse ano tem, Leo!

Após a cena do urso o filme se desenrola, a expedição segue viagem mesmo sem saber o caminho, já que Glass era o único que conhecia a localização exata. Em coma devido as lesões causadas pelo animal, Glass é deixado por sua equipe, lhe restando apenas o seu filho Hawk (Forrest Goodluck), Jim (Will Poulter) e John Fitzgerald (Tom Hardy), este último é um mau-caráter do início ao fim do longa, o filme não foge do óbvio nesse quesito. Há uma real disputa entre Glass e Fitzgerald, o que é abrilhantado pelos talentos de DiCaprio e Hardy, o último novamente tem atuação espetacular, o ano foi dele, que também concorre em duas frentes somando Mad Max: Estrada da Fúria a O Regresso.

Apesar de verídico, o filme apresenta várias cenas de um perfeito épico cinematográfico, como as quedas d’água ou o pulo do cavalo e Glass de mais de 10 metros de altura. O percurso do herói também está muito presente, vemos a construção de um personagem que a princípio só se preocupa com o filho, enfrenta um inimigo surpreendente, ver o filho morrer e regressa ao auge de seu heroísmo, salvando uma índia que estava sendo estuprada e resgatando sua equipe das mãos do vilão principal. No mais, temos o espetacular Leonardo DiCaprio (especular desde sempre) e que enfim deve ser reconhecido pela Academia, apesar do Oscar premiar o estadunidense por O Regresso, o prêmio vale também pelas atuações em outros tantos filmes. Reenquadrando a O Regresso, DiCaprio como Glass vive quase um monólogo, somado a uma paisagem arrebatadora, a atuação de Leo complementa a beleza natural e artificial do filme.

O Regresso de Glass se dá de várias formas, primeiramente por seguir caminho com sua expedição em busca de um lugar ao sol, depois pela árdua tarefa de lutar pela vida, é inimaginável pensar que o mercador pudesse sobreviver, ainda é possível observar a redenção de Glass diante dos companheiros, voltando para vingar a morte do filho. O longa ainda mescla uma trama bem definida, com um enredo repleto de tensão e terror psicológico, se encerrando de forma questionável, não no sentido de qualidade, porém sobre como o personagem poderia seguir caminho após tantos acontecimentos e ferimentos.
Fotografias andantes, mais uma novidade de Iñarritu no seu possível bicampeonato de Oscar. (Divulgação)

O espetáculo audiovisual em uma trama bem envolvente, O Regresso é um forte candidato a conquista do Oscar (apesar de preferir bastante Mad Max: Estrada da Fúria), o filme comprovou o momento de Iñárritu com a Academia. Além disso, o Regresso pode entrar para a história como o filme que deu a Leonardo DiCaprio o seu primeiro e merecido Oscar de Melhor Ator, a Academia enfim deve encerrar uma das novelas mais longas da história do crítica cinematográfica. O Regresso vale o ingresso, indicação, o prêmio e talvez a fotografia.

Nota: 9/10