terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Creed Nascido Para Lutar – Resenha Crítica

Seguindo a receita de Star Wars, Creed, o spin-off da saga Rocky é brilhante, tanto em atuação quanto em roteiro, Stallone volta a boa forma e não toma a história para si, encontrando em outro personagem a fórmula para garantir sucesso. Em 1990, Sylvester Stallone escreveu e lançou Rocky V, foi a primeira tentativa de contar a história de um Garanhão Italiano aposentado, quase falido após sofrer um duro golpe e de volta as origens. Contudo, Tommy Gun (Tommy Morrison) não era o mais humilde dos aprendizes e os erros do filme foram tantos que o Balboa novamente acabou roubando a cena, o quinto longa foi um erro tamanho.
Balboa deixa o protagonismo e um novo Creed surge na rota da lenda. (Divulgação)

Fugindo das raízes, Stallone esperou exatos nove anos até confirmar que seguiria a história de dos maiores pugilistas da ficção, deixou o roteiro, direção nas mãos de Ryan Coogler e partiu para a preparação de uma atuação genial. Creed não é somente um spin-off de Rocky Balboa, tem conteúdo, apresenta uma história de vida subúrbio estadunidense, de um homem que abandona a vida fácil e vai para a Filadélfia começar do zero, conhecer novas realidades e somar, além da realização de um sonho que vinha de berço.

Michael B. Jordan dá vida a Adonis Johnson Creed, o filho bastardo do maior pugilista da história do boxe, Apollo Creed. Quando criança, o protagonista foi adotado pela viúva de Apollo, que se esquece das mágoas e decide retirar o garoto do orfanato. Com a vida ganha, Creed faz de tudo para buscar soluções fora do que ama, mas o boxe o chama e ele troca a mordomia pela conquista de um sonho, que era fazer sucesso no esporte sem que as pessoas soubessem o seu sobrenome. Buscando a afirmação, Adonis vai ao lugar certo e na Filadélfia ressurge o Garanhão Italiano, Rocky marcou época, se aposentou, novamente subiu aos ringues com quase sessenta anos de idade e seguiu sua vida no quase anonimato, solitário, doente.

O filme se apoia em três perspectivas, a vida e sucesso de Adonis, o resgate de Balboa e a paixão por Bianca (Tessa Thompson), uma humilde jovem apaixonada por cantar e que possui uma rara doença que a deixará completamente surda. O drama de Creed é semelhante ou até mesmo maior que o de Rocky: Um Lutador, nele temos um garoto que só adquire o apoio de Rocky e Bianca, temos uma lenda com problemas da vida real, Rocky têm câncer, uma garota com prazo de validade para a realização de um projeto de vida e o desafio de se manter sem o sobrenome.

O longa recria o drama do primeiro filme da saga Rocky, indicando uma nova história, porém mantém as emocionantes e empolgantes cenas de treinos e lutas de boxe, quem não de fato viveu aqueles confrontos não tem coração para compreender a magia do filme. Donnie vence a primeira luta e já é colocado na disputa pelo cinturão, no duelo que marcaria a despedida do então campeão, uma luta digna de Goodison Park, 'Pretty' Ricky Conlan (Tony Bellew) é torcedor assíduo do Everton. Se um dia Rocky foi azarão diante de Apollo, dessa vez o novo Creed passa a ser a zebra, diante de um campeão no auge de sua forma.

Além das expectativas e preparação para a luta, Adonis batalha em duas frentes, a primeira é focando na batalha de sua vida contra Conlan e a segunda é, junto com Balboa, no confronto final do seu treinador contra o câncer que já havia vencido Adrian. As cenas do tratamento de Rocky são muito emocionantes, que atuação impecável de Sylvester Stallone, como um dos dinossauros do cinema atual conseguiu se reinventar e voltar a rota da boa crítica, bastante impressionante, digno de aplausos e merecedor de todos os prêmios.

Stallone impecável e Jordan injustiçado,
 eis os destaques do spin-off. (Divulgação)
O final do filme nos remete aos clássicos da saga original, uma luta emocionante, um duelo para lá de surpreendente e vitória... Do campeão, apesar de campeão Rocky é um perdedor nato e Creed escolheu o técnico certo. Talvez se tivesse sido o seu pai facilmente ele teria evoluído com maior rapidez, mas o desfecho da história deixa brechas para continuações. Creed: Nascido Para Lutar é nostálgico, é bem feito, é certeiro! Uma pena a injustiça da crítica em não mencionar Michael B. Jordan entre os indicados a melhor ator, ele foi muito bem.

Ao deixar Creed nas mãos de Coogler, Stallone foi impecável, se preocupou apenas com sua atuação e a adaptação de Rocky Balboa ao se tornar apenas um coadjuvante, ele é o grande destaque do filme mesmo não tomando as rédeas da história. Creed vale o ingresso, vale o sobrenome de Apollo e vale a luta de Rocky Balboa pela vida, por mais solitária e injusta que ela possa ser. Temos uma obra fantástica em qualidade, como não tínhamos há um bom tempo.

Nota: 10/10