sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Ponte dos Espiões - Crítica

Retornando ao cargo de diretor após três anos de ausência, o ilustríssimo senhor Steven Spielberg nos leva de volta a um dos períodos mais tensos da história norte-americana, em seu novo filme: Ponte dos Espiões
Tom Hanks e Spielberg em possível candidato ao Oscar 2016 (Divulgação)
Baseado em fatos reais, o filme reconta a história da troca entre espiões das duas grandes potências da época - EUA e URSS - intermediada pelo advogado James B. Donovan (interpretado no filme por Tom Hanks). Em resumo, o caso ocorreu em 1962, quando um piloto americano - Francis Gary Powers (i Austin Stowell) - foi capturado durante um sobrevoo em território aéreo soviético. Temendo que segredos americanos pudessem cair na mãos dos "russos", o governo norte-americano autorizou o advogado - que fora o advogado de defesa do espião russo - a realizar uma negociação de uma troca com o inimigo - no caso, o coronel Rudolf Abel (Mark Rylance), um espião soviético preso em terras  norte-americanas, seria a moeda.


Com base nisso, o filme se divide em duas partes. Na primeira, temos a prisão/julgamento de Abel, no qual Donovan atua como advogado de defesa; na segunda, temos a negociação propriamente dita.


Ainda que essa divisão seja importante para o desenvolvimento do filme como um todo, ela afeta bastante seu ritmo, causando aquilo que é, talvez, a grande falha do filme. A primeira parte, por exemplo, corre de modo muito arrastado, o que, consequentemente, faz com que a segunda parte corra muito para poder compensar o tempo "perdido". Assim, temos que toda a sequência do julgamento, a apresentação do personagem e do caráter de Donovan e sua relação com Abel consegue se desenvolver muito bem, ao passo que a sequência seguinte, que trata da negociação e da prisão do agente americano, se desenvolve de modo tão rápido que perde-se uma parte do sentido de urgência do último, e todo o complicado processo do primeiro, que termina parecendo algo muito mais simples do que realmente foi.

Por outro lado, esse é o único grande problema do filme.

No campo das atuações, temos um bom Tom Hanks como Donovan, pois, ainda que consiga dar bastante credibilidade e personalidade ao seu personagem, a impressão que fica é que Hanks ainda se encontra bastante marcado pelo seu último trabalho, Capitão Phillips (2013). Não é, contudo, uma atuação ruim, mas com certeza não é um dos melhores trabalhos de Hanks. No outro extremo, temos a atuação de Mark Rylance. O ator britânico nos apresenta um espião de tal modo que, caso não nos fosse mostrado claramente como tal, não poderíamos acreditar que aquele senhor ordinário é um espião - o que é exatamente o ponto em ser um espião. E essa mesma "normalidade" do personagem - quase apatia total - não só o torna alguém altamente carismático, como termina funcionando muito bem com o Donovan de Hanks, ainda que os dois dividam pouco tempo de tela. No mais, temos um bom trabalho dos demais envolvidos.

No mais, vale ressaltar a ausência de John Williams - o grande parceiro de Spielberg - na trilha sonora. Sua falta é sentida em alguns momentos, mas não é nada que o trabalho de Thomas Newman não consiga resolver.

Nota - 8,5