domingo, 30 de agosto de 2015

Resenha: Quarteto Fantástico - Imaginautas

Desde que a pequena tripulação formada por Reed Richards, Sue Storm, Johnny Storm e Ben Grimm partiu em sua jornada rumo ao espaço, o mundo nunca mais foi o mesmo. Afinal, naquele instante, nascia o Quarteto Fantástico.

(Quarteto Fantástico Imaginautas)


Desde então, entre aventuras pelo espaço e pelo tempo, saídas de velhos membros e entradas de novos, muita coisa aconteceu. Duas coisas, entretanto, permaneceram firmes e fortes como pedras angulares para o desenvolvimento e existência da equipe. A primeira delas é o fato do Quarteto ser antes uma família do que uma super equipe; a segunda, estabelecida já em sua primeira viagem ao espaço, que eles são exploradores antes de super-heróis.
 
É justamente em uma exploração dessas duas premissas que se tem início a fase de Mark Waid e Mike Wieringo - infelizmente já falecido - à frente da primeira família da Marvel, e que agora se encontra reunida no encadernado Quarteto Fantástico: Imaginautas. Literalmente, a primeira história da dupla nada mais é do que uma belíssima apresentação do grupo para os seus leitores. Em sequência, veremos  um dia de fúria do Coisa, o grupo às voltas com o ataque de uma Equação Viva, um pequeno problema com insetos no Edifício Baxter assim como problemas com a negociação da tecnologia de seus uniformes.


O que une todas essas histórias é a grande capacidade de Waid de criar uma narrativa que, ainda que possa parecer, por vezes, ingênua, é poderosa e bem desenvolvida o bastante para prender e fascinar o leitor, e a magnífica arte de Wieringo que conseguiu, como ninguém mais, captar toda a atmosfera dos roteiros de Waid


O ritmo das histórias é maravilhoso, e Waid é um dos poucos caras com a capacidade de alternar com maestria momentos de puro humor - uma das melhores coisas desse período - com passagens mais sérias, assim como transitar da mais viajada ficção científica à mais viajada fantasia - duas coisas que se tornam bem fortes um pouco mais para frente nesse seu período à frente do Quarteto. Mas dizer que seu domínio da narrativa se resume a isso seria ser injusto, afinal, a caracterização dos personagens aqui é tão - ou mais - importante quanto o andar da carruagem.

Cada um dos quatro integrantes do grupo - ou cinco caso você queira considerar o pequeno Franklin - tem uma personalidade individual e bem trabalhada, e isso é algo que já se é possível ver desde a primeira história. Esse trabalho gera momentos bem interessantes, como é o caso de Johnny Storm. Antes, apenas um adolescente/jovem adulto irresponsável e imaturo, nas mãos de Waid se transforma em um jovem adulto que se vale dessa imaturidade para esconder as próprias inseguranças - e a forma como Waid escolhe ir apresentando essa situação também é bem interessante. Esse é, naturalmente, apenas o exemplo mais notável, mas os outros integrantes também recebem o mesmo cuidado com o tratamento e desenvolvimento psicológico.

Mas nem mesmo tudo isso seria a mesma coisa sem a arte de Wieringo, e o fato de um profissional de seu calibre ter falecido tão novo - 44 anos - é a prova de como a vida as vezes pode ser injusta. Mas o fato é que a arte de Wieringo não só casa perfeitamente com os roteiros de Waid, mas também dá o tom exato à ele. O estilo cartunesco do mesmo dá ao título um ar mais fantástico e convidativo do que poderia um mais realista - e temos uma grande prova disso nesse mesmo encadernado. Também é graças ao seu traço que muito do humor e da seriedade fazem sua transição e, em minha modesta opinião, nunca antes O Coisa conseguiu ser tão carismático e, ao mesmo tempo, ameaçador.

Por fim, resta uma pequena informação:


A história final desse encadernado não é da dupla Waid/Wieringo, mas é uma ótima história de Karl Kesel - com arte de Stuart Immonen - focada no passado do Coisa. É uma história bem intimista e que funciona maravilhosamente bem tanto sozinha quanto em conjunto das demais histórias publicadas nesse encadernado. Um outro ponto interessante da mesma é que é a primeira vez em que temos a menção quanto ao fato do sobrinho preferido da Tia Petúnia ser judeu.


No mais, se existe um material que merece seu tempo ,e sua leitura, aliando uma boa história com um bom preço, ele se encontra aqui.



Quarteto Fantástico:Imaginuatas da Panini Comics tem 128 páginas e custa R$ 19,90