quinta-feira, 30 de julho de 2015

Homem-Formiga Crítica

Desde sua criação nas páginas de Tales to Astonish até a estreia de seu filme, o Homem-Formiga tem um total de 53 anos nas costas. Nesse meio tempo, entre formação, entradas e saídas dos Vingadores e trocas de identidades, um total de três pessoas diferentes passaram pelo manto do personagem. Destes, Hank Pym e Scott Lang ganharam sua passagem de entrada ao MCU no longa de encerramento da Fase 2, Homem-Formiga.
Homem-Formiga superou as expectativas. (Divulgação)
Talvez um dos projetos mais antigos - o filme vinha sendo desenvolvido desde 2006 -  e, fazendo jus ao histórico do personagem,  um dos mais conturbados - uma série de atritos  acabaram por ocasionar a saída de seu roteirista e diretor Edgar Wright, que trabalhava no projeto desde 2006, antes do começo das filmagens - da Marvel Studios, Homem-Formiga(Ant-Man, 2015) é, sem dúvidas, fruto da mesma safra de Guardiões da Galáxia( 2014).

Sob a direção de Peyton Reed (Sim,Senhor) acompanhamos a jornada de Scott Lang (Paul Rudd) um ex-presidiário que é recrutado por Hank Pym (Michael Douglas) para realizar um último crime: o roubo/ sabotagem das pesquisas de Darren Cross (Corey Stoll) com as Partículas Pym que pretende, caso obtenha sucesso, vender seus resultados - o traje chamado Jaqueta Amarela - para a organização - seja ela criminosa ou não - que pagar mais. Para a realização de tal feito, Scott  contará com a ajuda de Hope Van Dyne (Evangeline Lilly), filha de Pym, e de Luís (Michael Peña) que, por sua vez, conhece, entre muitas outras pessoas, Dave (T.I.) e Kurt (David Dastmalchian) que terminarão auxiliando o heroi em sua jornada.

Já nesse ponto podemos ver o quão Homem-Formiga é um filme não convencional de super-heróis. Afinal, ele é, antes de qualquer coisa, um filme de roubo - no melhor estilo de Onze Homens e um Segredo - que por ventura envolve super-heróis e super-vilões. No entanto, não é só o gênero que diferencia este filme dos demais. Esse trabalho é desempenhado, também, pela forma como ele aborda o drama - na falta de uma palavra melhor.

Elenco conta com Michael Douglas, trama deu muito certo.
(Divulgação)
Já há algum tempo, os filmes do MCU vem começando a assumir um tom mais "sério" - sendo, o seu melhor expoente O Soldado Invernal (2014) - e Homem-Formiga não foge dessa tendência. Prova disso se encontra na escolha de Scott Lang como protagonista em detrimento de Hank Pym - mesmo que estabelecendo que Pym foi, de fato, o primeiro Homem-Formiga. O fato é que Scott não só é um personagem muito mais tragável que Pym - e mais estável e sem o histórico de violência doméstica - como possuí um background muito mais interessante. Afinal, Lang não só é um ex-presidiário em busca de redenção, como também é um pai que busca, acima de tudo, ter os meios para poder voltar a conviver com sua filha, Cassie (Abby Ryder Fortson). Essa relação, mesmo que não muito trabalhada ao longo do filme, dá a toda a trama um novo patamar, uma vez que o herói agora tem um elemento a mais em sua rotina - algo inexistente até então. Ainda no tema de relações entre pais e filhos, destacasse a relação entre Pym e sua filha, Hope que, ainda que não desfrute da harmonia de Scott e sua filha, é uma relação que vai sendo reconstruída lentamente ao longo do filme. Esse é o verdadeiro teste pelo qual passam as habilidades de Rudd, Doulgas e Lilly - as quais passam com louvor. 

Mas aqueles que pensam que o filme nada mais é do que um drama está completamente enganado. Muito bem equilibrado, o filme ainda mistura humor - onde praticamente todas as cenas são roubadas por Michael Peña - e sequências de ação, valendo-se dos poderes de encolhimento do Homem-Formiga - além de sua capacidade de se comunicar e comandar formigas - de modo incrível e surpreendente. Ainda quanto à comédia, é visível que a mão de Wright - famoso pela Trilogia do Cornetto - pesou bastante na composição do filme.

No entanto, Homem-Formiga, assim como praticamente todos os filmes da Marvel, torna a pecar com seu vilão. Darren Cross/ Jaqueta Amarela nada mais é do que mais um exemplo do vilão genérico apresentado até o momento. Ainda que alguns elementos a mais sejam acrescentados ao personagem - como a relação malfadada entre tutor e aprendiz que ele tem com Pym, que poderia ser um pouco mais aproveitada e gerado um motivo a mais em sua eventual inimizade com Lang - o personagem de Stoll não consegue desenvolver uma identidade própria, apesar do evidente trabalho do mesmo.

No mais, as atuações seguem no mesmo padrão de qualidade estabelecido em produções anteriores, com um trabalho competente de todos os envolvidos. Talvez, se existe uma surpresa, ela se encontra na habilidade com que Rudd - mais conhecido por trabalhar em comédias - consegue alternar entre o cômico e o dramático, sempre dando as cenas exatamente aquilo que é necessário. 

Nota - 9,8