Depressivo, exagerado e
doentio, o filme Ela foi lançado no início de 2014, dirigido por Spike Jonze (O
Lobo de Wall Street) e protagonizado por Joaquim Phoenix e Scarlett Johansson. O
filme trata da pior das patologias que assolam a humanidade, a chocante
depressão. Não foi à toa que o filme conquistou o Oscar de melhor roteiro
original no ano passado, a que ponto o homem chegou, sua luta contra a vida e a
solidão, os paliativos trazidos por um sistema operacional e as desilusões
amorosas são retratados em duas horas de longa.
Um tema chocante intriga o espectador em Ela. (Divulgação) |
Theodore Twombly (Phoenix)
era um homem animado, vivia uma vida plena com sua esposa Catherine (Rooney
Mara), o tempo passou e o casamento acabou não dando certo. Tomado pela
depressão, Theodore se refugiou dentro de casa, viciado em tecnologia e
completamente antissocial, o protagonista encontrou carinho em um sistema
operacional que ouvia e conversava sobre os seus problemas, o remédio certo
para curá-lo dos problemas pessoais. Errado! O sistema é nada mais nada menos
que algo produzido justamente para isso, indicar às pessoas aquilo o que elas
gostariam de ouvir, construindo falsas expectativas e gerando pessoas cada vez
mais doentes.
O ponto crucial acontece
na cena em que Theodore está no apartamento de Amy (Amy Adams, deram um nome
bastante original para a atriz), onde o nosso protagonista observa atentamente
a amiga conversando com seu “amigo imaginário” ou somente sistema operacional.
Ou seja, o programa alivia as dores dos seres humanos, mas indicam dificuldades
dos mesmos em lidar com situações reais, Theodore vai perdendo a vontade de
viver e de se relacionar, mesmo sem perceber, pois está encantando com o
programa chamado de Samantha.
Apesar dos problemas, o
roteiro é muito intrigante e espetacular, observa-se um homem reencontrando a
felicidade (mesmo momentânea) e também não dá para ter certeza se Samantha era
diferente dos outros sistemas ou ela só falava o que lhe era programado. Além
disso, a relação de Theodore com Catherine ia de mal a pior, ainda mais quando
a ex-esposa descobriu que o antigo esposo estava tendo uma relação afetiva com
um programa de computador. A discussão é interessante e levanta a ideia de que
Theodore nunca esteve preparado para ter uma relação com a realidade, para
lidar com os conflitos e dificuldades de um relacionamento, ele vivia em um
mundo paralelo e solitário.
Joaquim Phoenix, Amy Adams e Scarlett Johansson protagonizam Ela. (Divulgação) |
Por fim, temos Samantha
dispensando Theodore e todos os demais sistemas operacionais abandonando os
internautas que sobreviviam graças à interação com o SO. E é nesse desespero de
viver sem Samantha que Theodore indica chegar ao final de sua vida, confirmando
a depressão e o medo de se relacionar com a realidade. Theodore envia um email
para Catherine e encerra o filme subindo, junto a Amy, a cobertura do prédio, mais
uma vez nós somos surpreendidos. Amy e Theodore encerram o filme consolando um
ao outro, tristes e se apoiando na relação humana, é surpreendente, é
espetacular!
Nota:
8/10