quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Terra Fria – Resenha Crítica

Escrito por Lívia Costa

"Em 1975 as minas de Minessota contrataram pela primeira vez mulheres mineiras. Em 1989, ainda haviam 31 mineiros homens para cada mulher." É dentro dessa realidade que o filme Terra Fria (2005) narra a vida de Josey Aimes (Charlize Theron), uma mulher que em função de seu casamento fracassado retorna a sua cidade natal. Como mãe solteira, para garantir o sustento dos seus dois filhos, resolve encarar o desafio de trabalhar na maior fonte de emprego local: as minas de ferro. 
Longa de 2005 mantém firme a problemática do preconceito
 contra a mulher. (Divulgação)

Entretanto, as minas ainda são um ambiente masculinizado.  Pela cultura do patriarcado e por se sentirem ameaçados pela “ascensão" das mulheres, as recém contratadas sofrem abusos psicológicos e sexuais diários pelos colegas e chefes. Não sendo difícil para as expectadoras se identificarem em maior ou menor escala com a trajetória de Josey Aimes.

O filme, a todo instante, demonstra o sofrimento o qual as mulheres estão expostas por serem consideradas inferiores aos homens. Algumas cenas, como o momento em que Josey Aimes tenta pela primeira vez denunciar o assédio moral sofrido ao seu chefe, mostram como os homens tentam se manter um uma posição superior, desconsiderando as mulheres ou compactuando para que pareçam loucas.

Sem maiores sutilezas o longa denuncia a farsa da mulher multifacetada nos momentos em que o expectador tem acesso ao lar de Josey Aimes e percebe o desequilíbrio emocional e a rejeição de seu próprio filho (Sammy) à figura da mãe. Assim como os outros homens, ele também não aceita que Josey não lave e passe como as "mães normais". Fica implícito que essa rejeição vai além, Sammy não consegue aceitar não ter uma mãe presente. 

Além disso, a crítica ao assédio sexual é constante. O filme denuncia a cultura do estupro e a normatização desse crime dentro da sociedade, que culpa a vítima e pouco faz para punir o agressor ou agressores, fazendo a mulher se culpar e não ter empatia pelas demais do mesmo sexo.  Existe o medo dos homens, o que fica claro pela falta de companheirismo entre as mineiras que não se unem contra o machismo.

O filme peca, porém, nos momentos de clímax serem protagonizados por homens. Durante o discurso na assembleia do sindicato e no tribunal, as personagens masculinas tomam a cena como protagonista e solucionam o problema, ganhando o respeito dos outros homens. Para o expectador isso gera uma sensação de que sem a ajuda deles as mulheres não conseguiriam, uma contradição para à proposta que o longa traz de combater o machismo.