quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Rio, 40 Graus – Resenha Crítica

Buscando aprofundar os conhecimentos sobre o cinema nacional moderno, procurei indicações e descobri verdadeiras riquezas cinematográficas que o meu país pode oferecer, iniciei minha lista com Rio, 40 Graus, um filme de 1955, dirigido e escrito por Nelson Pereira dos Santos. Pois bem, sairei da mesmice nesta postagem, farei um apanhado sobre quantas reflexões o filme oferece e como o longa influenciou algumas boas obras do cinema atual.

O contraste da Cidade Maravilhosa sendo retratado
 há mais de cinquenta anos. (Divulgação)

É óbvio que nos primeiros minutos você precisará de certa adaptação, é um filme bastante antigo e a linguagem completamente de outra época, se assemelhando com dublagens de filmes americanos trashes, no mais, a adaptação dura poucas cenas. A história explícita é bem simples, a realidade de um Rio de Janeiro belo, rico, que cresce com o turismo e arrecada com as maravilhas que a Cidade Maravilhosa pode oferecer.

Do outro lado, observa-se morros que recheiam a cidade de desigualdades, é tocante e até mesmo chocante assistir um pouco da realidade de crianças que tentam sobreviver vendendo amendoins nos pontos turísticos da cidade, difícil não se comover.  O destaque que o Nelson Pereira utiliza na questão de como o esporte é ou pelo menos era uma boa forma de unir ou humanizar as pessoas é fantástico, a antiga geral do Maracanã é muito bem mostrada durante o filme, daria uma ótima crítica para os conservadores filhos da ditadura que comandam o futebol brasileiro atual.

Por outro lado, a marginalização dos morros, como muitos se aproveitavam e ainda se aproveitam das ingenuidades das pessoas mais simples e que necessitam de apoio, é um foco que atinge muitos poderosos e que culminou na censura do filme na época da Ditadura Militar. Em relação a estética, destaco o retrato magistral que o filme proporciona, sem falar da trilha sonora impecável, a música A Voz do Morro é tocada do início ao fim, retratando o samba de raiz, a influência que os moradores dos morros conseguiram levar e colaborar para o crescimento cultural da cidade.

Ficou bem claro como o Rio, 40 Graus influenciou e ainda influencia o cinema nacional, acredito até mesmo que José Padilha tenha se espelhado bastante no filme dos anos 1950 para desenvolver seus dois Tropa de Elite, assim como o lançamento Rio, Eu Te Amo! Serviu de espelho para muitos, uma história que se adéqua aos dias de hoje e mesmo assim nos faz retornar ao tempo em que as desigualdades ferozmente, o Rio, 40 Graus é uma obra-prima que deveria ser mais valorizado nos dias de hoje, faço minha parte e compartilho o quanto o filme pode ajudar a entender um pouco do cinema brasileiro moderno.

Até a próxima!