Buscando aprofundar os
conhecimentos sobre o cinema nacional moderno, procurei indicações e descobri verdadeiras
riquezas cinematográficas que o meu país pode oferecer, iniciei minha lista com
Rio, 40 Graus, um filme de 1955, dirigido e escrito por Nelson Pereira dos
Santos. Pois bem, sairei da mesmice nesta postagem, farei um apanhado sobre
quantas reflexões o filme oferece e como o longa influenciou algumas boas obras
do cinema atual.
O contraste da Cidade Maravilhosa sendo retratado há mais de cinquenta anos. (Divulgação) |
Do outro lado, observa-se
morros que recheiam a cidade de desigualdades, é tocante e até mesmo chocante
assistir um pouco da realidade de crianças que tentam sobreviver vendendo amendoins
nos pontos turísticos da cidade, difícil não se comover. O destaque que o Nelson Pereira utiliza na
questão de como o esporte é ou pelo menos era uma boa forma de unir ou
humanizar as pessoas é fantástico, a antiga geral do Maracanã é muito bem
mostrada durante o filme, daria uma ótima crítica para os conservadores filhos
da ditadura que comandam o futebol brasileiro atual.
Por outro lado, a
marginalização dos morros, como muitos se aproveitavam e ainda se aproveitam
das ingenuidades das pessoas mais simples e que necessitam de apoio, é um foco
que atinge muitos poderosos e que culminou na censura do filme na época da
Ditadura Militar. Em relação a estética, destaco o retrato magistral que o filme
proporciona, sem falar da trilha sonora impecável, a música A Voz do Morro é
tocada do início ao fim, retratando o samba de raiz, a influência que os
moradores dos morros conseguiram levar e colaborar para o crescimento cultural
da cidade.
Ficou bem claro como o
Rio, 40 Graus influenciou e ainda influencia o cinema nacional, acredito até
mesmo que José Padilha tenha se espelhado bastante no filme dos anos 1950 para
desenvolver seus dois Tropa de Elite, assim como o lançamento Rio, Eu Te Amo! Serviu
de espelho para muitos, uma história que se adéqua aos dias de hoje e mesmo
assim nos faz retornar ao tempo em que as desigualdades ferozmente, o Rio, 40
Graus é uma obra-prima que deveria ser mais valorizado nos dias de hoje, faço
minha parte e compartilho o quanto o filme pode ajudar a entender um pouco do
cinema brasileiro moderno.
Até a próxima!