terça-feira, 12 de agosto de 2014

Guardiões da Galáxia - Crítica

Saudações, fieis leitores! Retornando as atividades normais do blog, trago até vocês a resenha do mais novo filme do Marvel Studios, o Guardiões da Galáxia. Para mais informações, é só clicar no link abaixo:

(foto de divulgação)




Desde que iniciou suas grande produções em 2008, o Marvel Studios tem se focado na adaptação de seus principais personagens - obtendo resultados que vão do medíocre ao espetacular. Nesse contexto, Guardiões da Galáxia é a aposta mais arriscada do estúdio, uma vez que reúne um grupo de heróis obscuros até mesmo para a grande maioria dos fãs de HQs e, talvez o mais interessante, sem a presença de nenhum dos outros "medalhões" do estúdio. No entanto, o que deveria ser um negócio arriscado, termina se revelando um dos maiores acertos do estúdio.

Dirigido por James Gunn, o filme nos apresenta a história de Peter Quill/Senhor das Estrelas (Chris Pratt) um aventureiro/ladrão espacial que, em uma de suas andanças, termina por roubar um objeto conhecido como Orbe. No entanto, algo que parecia ser apenas mais um roubo termina se complicando quando ele descobre que Ronan, O Acusador (Lee Pace) também está atrás do Orbe para seus próprios e escusos propósitos. Mais tarde, juntar-se-ão a Quill a assassina Gamora (Zoe Saldana), o mercenário Rocket Racoon (voz de Bradley Cooper) e seu guarda-costas Groot (voz de Vin Diesel) e um outro assassino, Drax, o Destruidor (Dave Bautista), todos eles envolvidos por seus próprios motivos na luta contra o Acusador.

É desta simples premissa que temos uma das maiores surpresas do ano. A direção de Gunn é excelente. Ele consegue alternar muito bem entre as cenas de ação e as de humor - marca registrada dos filmes da Marvel. No entanto, enquanto que na maioria dos filmes da Marvel o humor parece forçado ou deslocado, aqui ele é praticamente intrínseco ao filme, sendo impossível separar um do outro. O maior mérito de Gunn, porém, é conseguir dar ao filme aquele ar de simplicidade e inocência típico das produções dos anos 80 e mantê-lo durante todo o filme - e que é em muito auxiliado pela maravilhosa trilha sonora. Em muitos dos seus melhores momentos, é quase impossível não sentir uma sensação parecida com aquele que temos ao assistir aqueles clássicos filmes  como "Os Goonies", "Indiana Jones" - do qual a cena de abertura presta uma homenagem - ou a trilogia clássica de Star Wars, ainda que guardadas as devidas proporções.

Uma boa direção, no entanto, se perderia fácil sem um bom roteiro. Felizmente, não é isto o que acontece aqui. O roteiro à quatro mãos - feito por Nicole Perlman e Gunn - conseguindo desenvolver bem a equipe como um todo, ainda que peque um pouco com alguns personagens - como é o caso de Gamora e Nebulosa, esta última, por exemplo, praticamente não tem uma função no filme. O desenvolvimento dos personagens também é soberbamente trabalhando, dando a cada um dos personagens oportunidades para encontrarem uma redenção e, com ela, o seu lugar como heróis. Também é interessante notar que, ao contrário de outros filmes de equipe - Vingadores, por exemplo - todos os personagens da equipe tem tempo de cena praticamente igual e são tratados com o mesmo respeito. O roteiro também é bastante inspirado ao dar uma nova abordagem ao clássico conflito Kree X Skrull, substituindo os Skrulls (propriedade da Fox) pelos xandarianos, e, ao mesmo tempo, expandindo ainda mais o lado cósmico da Marvel. Esse trabalho de expansão é outro mérito do roteiro que faz, em um único filme, algo que a franquia Thor não conseguiu sequer insinuar em dois filmes. Um   ponto negativo no roteiro que chamou minha atenção, porém, está no uso de Ronan, o Acusador. Este, de forma parecida com Nebulosa, termina sendo o vilão espacial genérico da vez, não tendo espaço para desenvolver suas motivações ou atuar - apesar da boa atuação de Lee Pace. Tanto é que, caso o personagem fosse retirado ou substituído por outro vilão - como Yondu (Michael Rooker), que, se analisado friamente, faria muito mais sentido - o filme não perderia praticamente nada com isso.

No tocante às atuações, temos até um dos melhores em termos de filmes da Marvel. Meu principal receio com esse filme era que teríamos um novo Tony Stark na figura do Senhor das Estrelas, algo que, graças a Odin, não ocorre. Chris Pratt nos apresenta um personagem original, por assim dizer, livre de qualquer imitação. Zoe Saldana faz uma ótimo trabalho com Gamora, dando tanta credibilidade e vida à personagem, nos fazendo perceber como o roteiro foi ingrato com a mesma de certa forma. Bradley Cooper faz um de seus melhores trabalhos, dando vida e voz à Rocket Racoon um guaxinim geneticamente modificado que, ao lado de um "eloquente" Groot dublado por Vin Diesel, terminam roubando a cena do filme. A amizade dos dois é sem dúvida um dos pontos altos do filme, tendo não só momentos de pura comédia como também de extremo sentimentalismo. Lee Pace faz um bom vilão espacial genérico que, ainda assim, consegue convencer o público, ainda que não seja realmente nada de mais. Karen Gillan faz Nebulosa, filha de Thanos  e, como dito anteriormente, não faz nenhuma diferença para o filme. Mesmo a relação de conflito familiar entre sua personagem e Gamora termina não tendo muita função para o filme, sendo apenas algo que é dito e, em nenhum momento, realmente trabalhado. A verdadeira surpresa do elenco está em Dave Bautista, o Drax. Levando-se em conta que Bautista era um ex-lutador e praticamente não tem praticamente nenhuma experiência no ramo cinematográfico, ele é de longe o melhor ator de todo o elenco, fazendo um personagem absurdamente divertido.


No geral, Guardiões da Galáxia é um  dos melhores filmes da Marvel. Surpreendente e muito bem trabalho, o filme nos entrega não só uma ótima história, como também a chave para inúmeras possibilidades de filmes para os próximos anos. Ainda que apresente suas falhas, elas são muito bem encobertas pelo resto da produção, o que nos dá um trabalho realmente acima do nível de muitas produções recentes.

E, que trilha sonora!

Nota - 10