sexta-feira, 11 de abril de 2014

Capitão América 2: O Soldado Invernal - Crítica

Saudações, fieis leitores! Após um longo hiato venho até você para falar sobre o novo filme da Marvel Studios - Capitão América 2: O Soldado Invernal.  







Desde que iniciou sua investida no ramo da sétima arte em 2008, a Marvel Studios tem apresentado filmes com uma qualidade absurdamente inconstante - passando de  ótimos filmes, como Homem de Ferro e O Incrível Hulk, a bostas homéricas como Homem de Ferro 3 e Thor 2De fato, desde Os Vingadores as produções cinematográficas da Casa das Ideias sofreram com uma terrível queda de qualidade. Felizmente, esse não é o caso do Capitão América 2.

Situado dois anos após os eventos do filme dos Vingadores, acompanhamos o Capitão América (Chris Evans), agora um agente da S.H.I.E.L.D., se vendo as voltas com uma conspiração nascida no interior da própria agência e que - como sempre - pode ameaçar a segurança mundial.

É curioso notar como uma história que, a primeira vista, parece ser tão batida continua a possuir uma força incrível. Muito disso se deve ao roteiro bem amarrado da dupla Christopher Markus e Stephen McFeely que não só conseguem manter uma narrativa empolgante e com a dose certa de boas reviravoltas - mesmo que algumas delas possam ser bastante previsíveis - e que, ao contrário de muitos outros filmes, consegue se manter por si mesma.
Outro ponto interessante do roteiro é que ele não se "esquece" dos eventos dos filmes anteriores, conseguindo reaproveitar muita do coisa do primeiro filme de uma maneira bem interessante. De fato, este é um dos poucos filmes da Marvel que conseguimos ter uma clara noção de continuidade na história do personagem, o que ajuda a reforçar a ideia de um Universo coeso. Outro ponto que também merece atenção é o ótimo trabalho do roteiro em soltar uma série de referências ao longo do filme de uma maneira bem sutil e bem trabalhada.

A direção dos irmãos Russo também é sensacional. Uma das grandes preocupações em torno do filme era o fato de que os trabalhos dos irmãos eram que quase completamente dedicados a comédia, o que lançou uma certa dúvida quanto a sua capacidade em dirigir um thriller/filme de ação. Nada mais infundado. Os irmãos conseguem fazer um filme muito bem equilibrado, sabendo dosar com um maestria ótimas cenas de ação com momentos dramáticos(?), sem que um influencia no desenvolvimento do outro. Um dos pontos que eu gostaria de ressaltar, no entanto, é que o começo do filme, creio que os primeiros trinta minutos, ocorrem de maneira muita apressada, sofrendo cortes brutos demais - apesar de eu não saber se isso foi culpa do maldito que trabalhou ontem na sala de projeção ou da própria distribuição do filme - mas esse problema só ocorre mesmo nessa meia hora inicial. Um outro pequeno problema do filme são as onipresentes piadas. No entanto, devido ao teor um pouco mais sério do filme, os alívios cômicos são quase sempre evitados e, quando aparecem, são bem sutis e trabalhados de tal forma que parecem ser algo bem natural.

Os atores também fazem um trabalho bom e competente. De uma maneira geral, o filme trabalha bem tanto com seus personagens principais quanto secundários. Chris Evans conseguiu capturar a verdadeira essência do personagem e, apesar de fazer um Capitão razoável nos Vingadores, consegue apresentar o Capitão como ele realmente deve ser. Scarlett Johansson retorna mais uma vez ao papel da Viúva Negra, tendo mais espaço, e função, na história do que nas aparições anteriores da personagem. Isso permite que ela consiga desenvolver um pouco mais a personagem, o que faz muito bem - dentro das limitações dos personagens secundários. Anthonie Mackie também faz um ótimo Falcão, apesar de ficar bem escanteado no desenvolvimento do filme. No entanto, a sua função principal, que é basicamente estabelecer a amizade com Steve Rogers  - que provavelmente será melhor explorada no terceiro filme - é realizada com sucesso. Sebastian Stan faz um excelente Soldado Invernal, disputando pau-a-pau com a atuação de Frank Grillo como Brock Rumlow - futuro Ossos Cruzados - pelo papel de melhor vilão do filme. Minhas únicas ressalvas ficam para os "monstros" Robert Redford e Samuel L. Jackson que nos entregam uma atuação, no melhor dos casos, aceitável - o que, para atores do nível deles, termina sendo um tanto quanto decepcionante para o público. Outra ressalva vai para Emily VanCamp, a Agente 13, que termina sendo uma personagem quase que completamente desperdiçada, tendo uma passagem gratuita apenas para garantir seu lugar na sequência do filme.

Como último comentário, gostaria de deixar meus elogios para a trilha sonora do filme, que casa perfeitamente com o mesmo.


Nota final - 10

P.S: Bem, como vocês podem ter visto, a crítica termina lá em cima, agora, só farei algumas observações e reclamações em torno do filme que não tem interferem na avaliação do mesmo.

Em primeiro lugar, gostaria de avisar a todos que o filme possuí duas cenas pós-créditos - uma no começo e outra no fim - sendo que a primeira é interessante por ser a primeira base concreta para o Vingadores 2 e a segunda apenas um desenvolvimento da trama.

Em segundo lugar, gostaria também de dizer que o trabalho com as referências foi um dos melhores que eu já vi. Elas estão em todos os lugares e, para aqueles que acompanham a carreira do Samuel L. Jackson - ou que ao menos assistiram a Pulp Fiction - também há uma sutil referência plantada por volta do fim do filme.

Finalmente, gostaria de deixar uma reclamação em torno das legendas do filme.  Mais precisamente, no começo do filme, veremos o Capitão América anotando em um caderninho, fatos ou eventos para os quais ele precisa se atualizar. Esses fatos vão desde eventos históricos, a filmes e celebridades, e é precisamente neste tocante que eu gostaria de reclamar, pois, na versão nacional, encontraremos coisas como Wagner Moura, Xuxa e Mamonas Assassinas no caderninho do Capitão. Como brasileiro, eu entendo o porquê de se fazer tal homenagem, e como tradutor amador eu entendo que em muitos casos se é necessário adaptar algumas piadas ou referências para a compreensão geral da história, no entanto, tais adaptações - ou homenagens - só podem ser feitas desde que isso não altere o funcionamento ou a lógica da história.

Sendo mais claro: Suponha que você é um cidadão norte-americano que viveu nos anos 30/40 e terminou sendo congelado e despertado cerca de 70 anos depois. Você perdeu coisas incríveis como o Homem na Lua, Star Wars e infinitas outras coisas que fazem parte da cultura norte-americana. Então, me diga agora, que relevância alguém como Xuxa ou os Mamonas Assassinas teriam nesse contexto histórico-cultural, uma vez que são coisas que tiveram seu destaque apenas em nossas terras?

Sem mais perguntas, meritíssimo.