"Homem de Aço" é a nova tentativa de salvar o kryptoniano mais famoso da galáxia e colocá-lo de volta ao seu lugar de merecimento, como um dos super-heróis mais importantes que existem. Para tanto, o diretor Zak Snyder ("300") foi escalado, com o objetivo de redimir o Super Homem da catástrofe que foi "Super-Homem: O Retorno".
Em primeiro lugar, "Homem de Aço" se propõe a ser um filme emocional e introspectivo, é fácil perceber que a película é mais adulta e pretende atingir um público que acompanhou Clark Kent em suas jornadas, durante a vida. Falando em Clark, aliás, chega de chorumelas quanto ao passado do herói! Se você quer dissecar a vida do fazendeiro Kent, suas relações pessoais com personagens insignificantes ou feitas da maneira errada, pode ficar com Smallville. Só o que pode ser considerado relevante foi tratado aqui.
Começando pela descrição mais profunda e concisa já feita sobre Krypton, misturando temas anteriores e já conhecidos com novidades e criações que me soaram exemplares. Claro, os efeitos aplicados ao planeta não fogem muito à regra do que vem sido feito hoje em dia. Imagine uma mistura de Pandora do abominável "Avatar" com Asgard do "Thor" da Marvel - e prefiro não me manifestar sobre a aberração que considero esse filme - mas ainda ainda um toque de Tatooine ou algo do tipo me fez sentir confortável com o planeta Krypton que eu assistia. Ali, vale considerar a interpretação memorável de um dos atores mais sensacionais da atualidade, Russel Crowe!!! Não via uma atuação assim do australiano, desde seja lá qual foi o seu último filme que assisti. E olha que Jor-El foi imortalizado pelo fantasma de Marlon Brando, que foi até utilizado no lamentável filme anterior. Um insulto à alma do Padrinho, que ficou muito puto com isso tudo lá da sua suíte no inferno. Maldito Bryan Singer!
Explicada a questão do desastre energético ambiental cometido no planeta, somos transportados para a Terra, onde conheceremos o gigantesco Clark Kent vivido por Henry Cavill. Olha, digam o que for, mas eu achei o cara perfeito para o papel, e ele se saiu muito bem, com cueca por cima da calça ou não. Bem melhor que o anterior Brandon Routh, e certamente melhor do que Tom Welling, de Glee, digo, Smallville. A essa altura Kent já se encontra em uma jornada espiritual para descobrir seu papel na terra, o que fazer da vida e como arrumar um emprego em que seja permitido esmurrar caminhoneiros para aliviar o stress. O tempo inteiro somos confrontados com cenas da sua infância e adolescência, que nos levam a entender a descoberta dos seus poderes e como foi ensinado por Kevin Costner Kent a ser gentil com quem lhe aplica bullying e a não usar a sua visão raio-x no banheiro das meninas.
A cara da Mary Jane da Kirsten Dunst,
mas muito melhor apenas por não ser ela!
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Já se utilizando dos seus super poderes de onipresença, Lane se dirige a uma descoberta extraordinária de que ninguém fica sabendo, além dela. Uma nave espacial enterrada nas profundezas do Canadá, o que explica porque ninguém deu a mínima. Aliás, se eu devo criticar algo com veemência em Man of Steel, é o fato de que Lane viaja pelo mundo como se tivesse uma super velocidade kryptoniana, mas eu falo disso depois. É lá que acontece o encontro entre os dois mocinhos, e nada une duas pessoas como a cauterização de uma ferida à luz de velas.
Após um montão de flashbacks - como a morte de Jonathan Kent, que mostra que até Kevin Costner pode sofrer de maneira idiota com cenas idiotas, apesar de emocionante - intercaladas pelas novas aparições de Jor-El como mentor de Clark, mostrando que, se possível, escolha Russel Crowe, e não Kevin Costner, como seu pai. É aí que encontramos novamente o temível, mas nem tanto, General Zod. É, ele já tinha aparecido na cena das férias no apocalipse, em Krypton. Zod, tem um profundo senso de identidade e honra, e busca a todo custo reviver os tempos áureos do seu planeta, algo que não conseguiu antes, quando foi banido para o Acre, e que tenta novamente, dessa vez no planeta Terra.
Zod, vivido por Michael Shannon, não está sozinho, como todo líder fascista que se preze, mas de toda a sua quase totalmente irrelevante trupe, extraímos a mulher mais marcante do filme. Antje Traue vive Faora, crente na ideia do retorno triunfal de krypton e determinada em sua crueldade e frieza. Com uma preparação militar invejável e um rosto lindo, Faora tem um destaque de respeito, sua cena de luta com o Super Homem é memorável.
Muita conversa fiada, muita tecnologia e muitas aparições mágicas da Lois Lane mundo afora depois, enfim o embate final se dá, entre Zod e Clark. Poucas vezes na vida, talvez nem em "Vingadores" se viu tanta destruição em uma cidade numa única luta. - Talvez apenas os Megazords dos Power Rangers da Saban fossem capazes de tamanha proeza. - Mas, por outro lado, podemos destacar o excelente trabalho de evacuação feito pela polícia de Metrópolis, que esvaziou a cidade em poucos minutos, deixando para trás apenas os jornalistas mais lerdos da galáxia.
Homem de Aço é um filme excelente, um dos melhores do gênero, que já anda saturado atualmente. Demonstra um Super Homem renovado, livre do desgaste que sofre, já há alguns anos. Não é ainda uma obra-prima, tem alguns buracos e alguns momentos irritantes, mas nem todo mundo vai fazer obra-prima, logo de cara. Espero que Batman vs Superman não estrague um personagem promissor como o de Cavill - sim, temo muito por essa empreitada - para que possamos apreciar o seu amadurecimento natural.
Nota: 8/10